Raul Seixas: 80 Anos de um Mito Que Vive Além do Tempo

Raul Santos Seixas, que completaria 80 anos em 28 de junho de 2025, permanece uma figura mítica no rock nacional, transcendendo a contagem do tempo. O artista baiano, que se dizia "ter nascido há dez mil anos", personificou um ícone lendário. Sua jornada, retratada na série "Raul Seixas – Eu sou" do Globoplay, demonstra como ele, a partir de 1972, consolidou a identidade nacional do rock ao fundir o gênero com ritmos brasileiros como o baião, frequentemente em colaboração com o letrista Paulo Coelho.
Raul Seixas tinha grande admiração por Elvis Presley e Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que curiosamente faleceu no mesmo mês de Raul em 1989. Embora em palco encarnasse um personagem rebelde, por trás do mito, Raul era uma personalidade sensível e, por vezes, insegura. Documentários e biografias revelaram que ele precisava de tranquilizantes para lidar com executivos de gravadoras no início dos anos 1970, período em que atuou como produtor musical, contrastando com a imagem cristalizada de um roqueiro destemido.
A trajetória musical de Raul Seixas começou com a liderança do conjunto Os Panteras nos anos 60 e a composição de canções sentimentais como produtor. A partir de 1972, com "Let me sing, let me sing", e especialmente em 1973 com o lançamento de "Krig,ha, bandolo!", um marco de sua parceria com Paulo Coelho, Raul Seixas começou a imprimir seu estilo único no cenário musical brasileiro. Este álbum foi o primeiro de quatro trabalhos fundamentais lançados até 1976, que consolidaram o suprassumo de sua obra autoral, caracterizada por crítica social, irreverência e misticismo.
Mesmo com a discografia posterior a "O dia em que a terra parou" (1977) mostrando irregularidade devido a excessos pessoais e o fim da parceria com Paulo Coelho, Raul Seixas já havia eternizado seu nome na história da música brasileira. Músicas como "Aluga-se" (1980) e "Cowboy fora da lei" (1987) – ambas em parceria com Cláudio Roberto – contribuíram para a contínua idolatria em torno de seu nome, que cresceu ainda mais após sua morte em 1989. Imune ao tempo, o cancioneiro de Raul, marcado por lucidez, loucura, misticismo e crítica social de seu período mais prolífico, garante que o "Maluco Beleza" continue vivo e cultuado por novas gerações.